domingo, 8 de setembro de 2013

Hoje a saudade bateu na porta enquanto eu dormia, mas ela tem a chave, bateu só pra me acordar. Quando ela viu que eu não me levantaria, abriu a porta e sentou ao lado da minha cama. Lá ela ficou até que eu, vencida, abri os meus olhos. A saudade me seguiu até o banho, me fitou enquanto eu me aprontava pra sair, e permaneceu ao meu lado durante todo o dia, me tirando a paz, o equilíbrio e a vontade de viver. A saudade vacilou por um segundo, e então eu ri de um filme bobo que estava assistindo, mas o filme acabou, e a saudade ainda estava lá. Eu chorei, caladinha, pra que ela não notasse, não se sentisse vitoriosa, chorei pra tentar aliviar essa agonia do lado esquerdo do peito, ou do direito, ou era na pontinha do dedinho do pé ou no corpo inteiro, ou na alma. Mas ela não teve compaixão, saudades nunca tem compaixão, quem sente, sabe. Saudade é um “algo” que não escolhe hora propícia, até porque não existe hora propícia pra saudade. Hoje a saudade me vestiu, me alimentou, me acompanhou e está aqui, ao meu lado, enquanto eu escrevo, porque ela não vai embora enquanto houverem 360km entre Parnaíba e Teresina.